Daqui da pauliceia maquinal folheio mais detalhadamente o 6° livro de Canindé Soares, “Retratos do RN”. Embora em seu livro Canindé agradeça nominalmente os amigos e empresas que o ajudaram na edição final, o fotógrafo não teve nenhum apoio governamental.
por Paulo Atzingen, de São Paulo*
Mais que um documento fotográfico, seu livro é uma cartilha de alfabetização para o belo na simplicidade, tanto para o estudante daí quanto para o brasileiro daqui, dali e de acolá.
Por que cartilha de alfabetização para o belo na simplicidade?
Porque estamos afogados na superfície e vemos apenas o que os algoritimos nos mandam ver. E vemos mal. A superficialidade é prima-irmã da pressa e mãe de leite do dedinho indicador histérico que sobe as imagens das telinhas automaticamente.
Estamos saturados pelas imagens das mídias sociais, da venda de graça do nosso tempo para uma indústria do entretenimento maquiavélica e lucrativa, e que distribui sua riqueza de aparências a seres sem rosto, ou excessivamente maquiados.
Canindé Soares em seu livro Retratos do Rio Grande do Norte nos oferece a cor de seu sol potiguar que brota de um coração fotográfico, de alguém que nasceu para a fotografia. Não é por acaso a frase de Leon Tolstói, no prefácio de seu livro: “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”….
Canindé Soares se destaca no Rio Grande do Norte pelo conjunto de sua obra. Mas também pelo exemplo de empreendedor que fotografa, edita, busca patrocínio, executa e vende, lança e divulga. Canindé nasceu em São Bento do Trairi, menino, viveu na região do Seridó. “Às margens do chamado ‘Açude do Governo”, Canindé educou o olhar com as coisas simples (e lindas!) do sertão e, mesmo quando suas lentes se voltam para o litoral, é nessa luz única e nesse azul celeste que ele “dança”. É como se o sertão fosse um íma”, escreve o jornalista Paulo Araújo no pósfácio do livro.
Embora em seu livro, Canindé agradeça nominalmente os amigos e empresas que o ajudaram na edição final, o fotógrafo não teve nenhum apoio governamental. É surpreendente como o poder público tornou-se árido nesse caso específico. Uma caatinga em sua indiferença.
E Canindé se supera também nesse quesito. Continua trabalhando, e com a mesma amplitude de sua lente grande angular não se deixa turvar por atos teatrais daqueles que fingem apoio, mas só querem aparecer na foto.
Parabéns, Canindé Soares!
Contato: http://www.canindesoares.com/bio – fotografia@canindesoares.com
*Paulo Atzingen é jornalista e fundador do DIÁRIO DO TURISMO
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