Graves e Pessac-Léognan: tradição, elegância e o frescor bordalês em Paris

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Graves e Pessac-Léognan: tradição, elegância e o frescor bordalês em Paris

Durante a edição 2025 da Wine Paris, tive a oportunidade de participar de um dos eventos paralelos mais marcantes da feira: uma degustação exclusiva dedicada aos vinhos dos Crus Classés de Graves – uma seleção dos grandes nomes da histórica região vitivinícola do sul de Bordeaux.

Por Waleska Schumacher – The Hague, The Netherlands

O evento foi realizado no deslumbrante Hôtel Potocki, antiga Câmara de Comércio de Paris, sob a organização do Conselho Regulador da denominação, com o apoio da Champagne Laurent-Perrier. Meu convite foi gentilmente solicitado pelo tradicional negociante bordalês Borie Manoux, que intermediou minha participação como jornalista junto aos organizadores. E o que vivemos ali foi muito mais do que uma degustação: foi um mergulho elegante na história, na diversidade e na sofisticação de uma das regiões mais emblemáticas da França.

Ao longo da noite, tive a oportunidade de provar vinhos de nomes como Haut-Brion, La Mission Haut-Brion, Château Carbonnieux, Pape Clément, Smith Haut Lafitte, Bouscaut, Couhins, entre outros. As safras iam de grandes clássicos a lançamentos recentes, e foram acompanhadas por canapés finamente preparados por chefs franceses, pensados para valorizar cada perfil de vinho. A organização foi impecável, e o ambiente, absolutamente memorável.

Graves e Pessac-Léognan
Château Carbonnieux – Credito Crus Classes de Graves

Mas antes de falar especificamente de Pessac-Léognan, é essencial entender o que é Graves.

Localizada na margem esquerda do rio Garonne, ao sul da cidade de Bordeaux, Graves é uma das regiões vinícolas mais antigas da França. Seu nome vem justamente do solo pedregoso (graves) — uma mistura de cascalho, areia e argila que proporciona excelente drenagem e influencia diretamente o perfil dos vinhos: elegantes, minerais e de grande longevidade. Foi em Graves, aliás, que nasceu o primeiro vinho classificado de Bordeaux: o lendário Château Haut-Brion, incluído na famosa Classificação de 1855.

Em 1987, a parte norte de Graves — onde estão os châteaux mais prestigiados — passou a ter sua própria denominação: Pessac-Léognan. Ou seja, todos os Crus Classés de Graves estão dentro da área atual de Pessac-Léognan, mas a identidade de Graves como berço do vinho bordalês permanece como marca histórica e cultural fortíssima.

O que impressiona em Graves é justamente essa dualidade: tradição e dinamismo. Os vinhos tintos são feitos principalmente com Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc, e mostram um estilo mais elegante e fresco quando comparados aos tintos mais estruturados do Médoc. Já os vinhos brancos da região — elaborados com Sauvignon Blance Sémillon — são um espetáculo à parte: cheios de energia, textura, acidez vibrante e grande capacidade de envelhecimento. Um exemplo? O Château Carbonnieux Blanc 1995, que degustei durante o evento, estava simplesmente extraordinário.

Graves e Pessac-Léognan
Sala de Fermentacao Chateau Bouscat – Credito Crus Classes de Graves

Outro destaque foi o equilíbrio apresentado pelos vinhos do Château Couhins, as camadas aromáticas dos La Mission Haut-Brion 2009 e 2019, e o frescor surpreendente dos brancos do Château Bouscaut 2021 harmonizados com um prato leve de orzo e frango. Tudo num ritmo que permitia conversar com produtores, ouvir histórias, entender as safras, e viver a cultura do vinho de forma genuína.

Graves e Pessac-Léognan
A harmonização começa aqui. Canapés criados por chefs franceses davam o tom da elegância, preparando o paladar para os grandes Crus Classés de Graves. Arquivo Pessoal Waleska S. Divulgação

Minha relação pessoal com Graves começou anos atrás, quando, ainda iniciando minha trajetória internacional, entrei em um restaurante em Cognac e me vi perdida diante de uma longa carta de Bordeaux. Foi quando uma simpática sommelier portuguesa se aproximou e disse: “Escolha um vinho de Graves — eles têm qualidade, personalidade e ótimo preço.”Desde então, nunca deixei de prestar atenção a essa região.

Hoje, posso afirmar que Graves — e especialmente sua joia chamada Pessac-Léognan — representa o equilíbrio perfeito entre tradição, inovação e prazer. É uma região que merece ser explorada com calma, de preferência com o apoio de um guia local especializado em vinhos, já que muitos dos grandes châteaux exigem agendamento. Além disso, ali também está um dos grandes templos mundiais da vinoterapia: o Les Sources de Caudalie, um spa de luxo no coração dos vinhedos, perfeito para quem deseja viver o vinho com todos os sentidos.

Graves é Bordeaux em sua forma mais autêntica. E eu sigo encantada.

Graves e Pessac-Léognan
Canapés assinados por chefs franceses acompanharam os Crus Classés de Graves, refletindo o refinamento da harmonização entre vinho e gastronomia. Arquivo Pessoal Waleska S. Divulgação

https://www.crus-classes-de-graves.com/

https://www.borie-manoux.com/

https://www.monuments-nationaux.fr/agenda/visite-de-l-hotel-potocki

Waleska Schumacher
Jornalista, escritora especializada em vinhos e membro da FIJEV (Fédération Internationale des Journalistes et Écrivains des Vins et Spiritueux)

 

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