A arte dos vitrais da Catedral de Petrópolis, por Elizabeth Maller

Mortadela Brasil participa do Comida di Buteco com petisco de bacalhau
20 de abril de 2025
Costa do Marfim aposta em aproximação com o Brasil para impulsionar o turismo e os negócios
21 de abril de 2025

A arte dos vitrais da Catedral de Petrópolis, por Elizabeth Maller

Nas Igrejas os Vitrais se tornaram ferramentas utilizadas para evangelizar

por Paulo Atzingen*

A arte dos vitrais é muito antiga e desembarcou no Brasil no século 19, oriundo da França, Alemanha e Itália. No entanto, somente no final do século passado a produção e o uso nas construções, nos museus, nas casas e nas igrejas tiveram início em cidades brasileiras e, evidentemente, onde ocorreu a colonização de países com a tradição vidreira. Foi o caso de Petrópolis, no Rio de Janeiro.

O DIÁRIO, em recente visita àquela cidade, esteve na Catedral de Petrópolis e lá conheceu a pesquisadora Elizabeth Maller, pós-graduada em História, Social, Política e Econômica do Brasil- UCP. Elizabeth deu uma aula sobre essa arte utilitária, tão bela, quanto transcendental e misteriosa. “O interesse pelos Vitrais surgiu da necessidade de aprofundar meus conhecimentos no campo da Liturgia, já que a função dos Vitrais é refletir a palavra de Deus através da luz”, disse Elizabeth na entrevista concedida ao DT.  Durante a visita, Elizabeth explicou detalhadamente a história contida em quase todos os 38 vitrais da catedral. Desta entrevista, fizemos a síntese desta experiência:

DIÁRIO – Quais as principais igrejas, além da Catedral, que possuem vitrais representativos em Petrópolis?

ELIZABETH MALLER – Alem da Catedral de São Pedro de Alcântara temos a Igreja do Sagrado Coração de Jesus; Igreja de Santo Antonio; Santa Sant’Anna e São Joaquim e a Igreja Evangélica de Confissão Luterana. Todas com características Neo Góticas.

DIÁRIO – Você acredita que a arte é transcendental e dialoga com todas as fés?

ELIZABETH MALLER – A arte por si só é transcendental. Ela se perpetua através da interpretação do autor a cerca de um fato ou de uma narrativa. No caso das Igrejas, os Vitrais se tornaram ferramentas utilizadas para evangelizar.

Catedral de São Pedro de Alcântara: verdadeiro tesouro artístico (Crédito das fotos dos vitrais: Karina Coronato DT)

DIÁRIO – Fale especialmente dos principais vitrais da Catedral.

ELIZABETH MALLER – A Catedral possui 38 Vitrais, incrustados nas paredes e nos para-ventos. Alguns foram confeccionados na França, no Atelier Champigneulle e  doados pela família imperial,  os de  São Pedro de Alcântara, padroeiro do Império Brasileiro e do Brasil e Santa Elizabeth de Hungria. Vale mencionar o de São Francisco de Assis e Santa Teresa D’Avila, também confeccionados na França. Os primeiros Vitrais que vieram de Paris, em número de quatro, confeccionados sob o desenho de X. Josso, entre 1928 e 1933 no Atelier Champgneulle. Os Vitrais do Mausoléu da Família Imperial, localizado no Interior da Catedral, representam além da liturgia um pouco da História do Brasil e de nossa Cidade. Nele encontramos em destaque, o Vitral confeccionado pela Casa Alberto, em 1939, onde podemos contemplar o Jesus Crucificado e a seus pés um escravo cujas correntes do pulso estão arrebentadas, fazendo alusão ao sofrimento dos negros escravizados e comparando-o ao do Crucificado. As gotas de sangue que caem da fronte de Jesus quebram as correntes do escravo.  Ao fundo a Serra dos Órgãos, o Morro da Alcobaça e as colunas da Catedral de Petrópolis, no inicio de sua construção. Ao centro a rosa de Ouro, presente do papa leão XIII a Princesa Isabel pela Abolição da Escravatura. Outra característica são os poemas que D.Pedro II escreveu no exílio. Um para D.Teresa Cristina e o outro para expressar seu amor pelo Brasil.

 

O Vitral de São Pedro de Alcântara possui característica peculiar. O Santo é erguido por um anjo. Foi à forma na qual o autor encontrou para descrever o “Dom” de levitar de São Pedro de Alcântara.

 

O da Santa Eucaristia, localizado atrás do Altar primitivo da Catedral, também merece destaque. Nele o autor retrata Jesus na Eucaristia com os Apóstolos, e coloca no mesmo cenário, obscuramente, a figura de Judas, que observa a todos atentamente. Cada Vitral possui a representação de um trevo de quatro folhas, que representam os quatro Evangelistas.

Há também, um Vitral que retrata do batismo do Rei Clovis, Rei dos Francos. O de Santa Rosa de Lima, Padroeira do Peru, a primeira Santa das Américas.

 

Os Vitrais localizados no Batistério são também muito importantes. Nele estão retratados o Batismo de Constantino, ao qual atribuímos o Credo Niceno e o Batismo do índio Diogo pelo Santo Padre Jose de Anchieta e o Batismo de Jesus Cristo por João Batista.

Concluindo, podemos afirmar que a Catedral de São Pedro de Alcântara simbolizada a Glorificação de Deus, num verdadeiro tesouro artístico, o entusiasmo religioso do povo petropolitano que superou todas as dificuldades e obstáculos à sua construção.

A Catedral de São Pedro de Alcântara é um local de contemplação cuja beleza arquitetônica nos eleva ao Divino.

DIÁRIO – Quando essa sua especialidade surgiu?

ELIZABETH MALLER – Na verdade me considero uma pesquisadora. O interesse pelos Vitrais surgiu da necessidade de aprofundar meus conhecimentos no campo da Liturgia, já que a função dos Vitrais é refletir a palavra de Deus através da luz.

Quem é Elizabeth Maller

Elizabeth Maller é bacharel em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis (UCP), Historia- UCP, Pós-graduada em História, Social e Politica e Econômica do Brasil- UCP;  juiza de Paz, Associada Titular do Instituto Histórico de Petrópolis cadeira número 31 e Membro da Comissão Diocesana de Liturgia e Patrimônio Cultural da Diocese de Petrópolis.

DIÁRIO 20 ANOS – Matéria publicada originalmente dia 21 de junho de 2018


O post A arte dos vitrais da Catedral de Petrópolis, por Elizabeth Maller apareceu primeiro em Diario do Turismo – O jornal diário dos melhores leitores.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *