GPS no Brasil tornou-se tema de debate acalorado após rumores de que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poderia bloquear o sinal do sistema no país como parte de uma escalada de sanções.
REDAÇÃO DO DIÁRIO com agências
No entanto, especialistas desmentem essa possibilidade, explicando que, além de tecnicamente desafiadora, a medida teria implicações diplomáticas graves, afetando inclusive nações vizinhas.
A hipótese de um bloqueio localizado do GPS surgiu em meio a tensões políticas entre os governos brasileiro e norte-americano, impulsionadas por decisões recentes do STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Embora a narrativa tenha ganhado espaço, não há qualquer decisão oficial de Washington nesse sentido. E mais: interferir seletivamente no GPS não é tão simples quanto desligar um interruptor.
O GPS, sigla para Sistema de Posicionamento Global, é um recurso fundamental não apenas para navegação pessoal, mas também para setores estratégicos como aviação, transporte e defesa. Desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos EUA, o sistema opera com uma constelação de satélites em órbitas sincronizadas, emitindo sinais que permitem o cálculo exato da posição de qualquer ponto na Terra. Interromper esse serviço em uma área específica, como o Brasil, exigiria tecnologias complexas como “jamming” — que interfere com o sinal — ou “spoofing”, que engana os receptores. Ambas são operações delicadas e, se feitas sem consentimento, seriam interpretadas como atos de guerra ou terrorismo.
Além do aspecto técnico, há também o risco de danos colaterais: países vizinhos teriam seus sinais afetados, comprometendo acordos internacionais e provocando atritos diplomáticos. Mesmo que os EUA quisessem prejudicar exclusivamente o Brasil, a execução de tal plano exigiria infraestrutura em solo nacional ou em seu espaço aéreo, algo impossível sem a anuência do governo local. Do ponto de vista geopolítico, isso seria visto como uma afronta à soberania brasileira.
A despeito disso, há alternativas ao GPS, como o GLONASS (Rússia), o BeiDou (China), o Galileo (União Europeia) e outros sistemas regionais. No entanto, a maioria dos dispositivos no Brasil utiliza principalmente o GPS norte-americano, e a transição para outra rede exigiria ajustes tecnológicos e investimentos significativos.
Portanto, embora o discurso sobre o bloqueio do GPS possa parecer plausível em tempos de tensão política, trata-se de uma hipótese fantasiosa diante da complexidade técnica, dos riscos diplomáticos e da interdependência global em torno desse serviço essencial.
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