Muito além de um centro comercial, o Mercado Público do Barrageiro é um novo espaço de memória e celebração da diversidade cultural formada em torno da construção de Itaipu. Por tabela, torna-se um novo ponto turístico de Foz do Iguaçu.
Por Paulo Atzingen, de Foz do Iguaçu e SP*
Inaugurado há seis meses, o projeto liderado pela Itaipu Binacional e pelo Itaipu Parquetec transformou um edifício histórico da extinta Cobal (Companhia Brasileira de Alimentos) em um polo turístico e cultural que honra a história dos trabalhadores que ergueram uma das maiores usinas hidrelétricas do mundo.
“Barrageiros” é como ficaram conhecidos os trabalhadores da barragem de Itaipu. Quem mora aqui há 30, 40 anos tem um pedacinho da sua história conectado com a barragem”, lembra Ana Gabriele, assessora de imprensa do espaço. Neta de um segurança que transportava os pagamentos aos operários, Ana compartilha esse vínculo afetivo com o local: “Meu avô fazia parte disso tudo,” revela.
Instalado onde antes funcionava a Companhia Brasileira de Alimentos (Cobal), o prédio permaneceu desativado por décadas, até que uma iniciativa da Itaipu Binacional, amadurecida desde 2012, deu novo propósito ao espaço. A proposta era clara: resgatar a história da comunidade formada no entorno da usina e oferecer uma nova experiência para moradores e visitantes.
“A nossa vocação é um pouco diferente de outros mercados públicos. Aqui, a gente trabalha com uma veia muito forte de cultura, de arte, de turismo e de gastronomia”, afirma Daniela Lopes Cavalheiro, assessora técnica no Itaipu Parquetec. “De quinta a domingo, temos o circuito cultural com artistas locais, apresentações gratuitas, exposições. Não somos só um espaço de compra, mas um lugar para elevar a nossa história. Levar isso tanto para os turistas quanto para o nosso povo,” diz.
Hoje, o Mercado do Barrageiro abriga 52 boxes, selecionados por meio de edital público. O mix foi desenhado com base em estudos sobre os traços culturais da cidade, refletindo o legado dos migrantes que participaram da obra. “Dentro desse estudo, organizamos os produtos em três frentes: secos e molhados, gastronomia — com refeições completas — e o artesanato. Tudo isso compõe o nosso conceito de mercado com identidade cultural”, explica Daniela.
A diversidade de produtos se destaca: há produtos mineiros, gaúchos, nordestinos, sabores árabes, além da gastronomia típica da tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai). “A comida mineira é muito procurada, mesmo estando longe de Minas. A cultura gaúcha também está muito presente. E ainda queremos incorporar a gastronomia oriental e fortalecer o artesanato local por meio das nossas cooperativas e associações”, completa.
O mercado também conta com um espaço expositivo em fase de consolidação, voltado a parcerias com instituições como a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), que já realiza exposições no local.
Localizado na Avenida Araucária, nº 140, na Vila A de Itaipu — um dos bairros originalmente planejados para acolher os barrageiros —, o espaço foi pensado para receber tanto a comunidade quanto os turistas. “Queremos que este mercado seja motivo de orgulho para o nosso povo”, finaliza Daniela.
Serviço:
O Mercado Público Barrageiro tem o seguinte expediente:
de terça a sábado: das 10h às 22h;
domingos: das 9h às 22h;
segundas: fechado.
*O jornalista Paulo Atzingen viajou a Foz do Iguaçu convidado pelo Festival Internacional das Cataratas
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