VII Fórum Nacional de Hotelaria tem manhã com insights econômicos e dicas de marketing

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15 de setembro de 2025

VII Fórum Nacional de Hotelaria tem manhã com insights econômicos e dicas de marketing

VII Fórum Nacional de Hotelaria acontece em São Paulo (SP) e traz palestras de nomes importantes do setor de hotéis

A manhã desta segunda-feira (15) no VII Fórum Nacional da Hotelaria (FNH) foi marcada pelo compartilhamento de insights econômicos, maneiras mais eficazes e baseadas em dados e em tecnologia para promover hotéis pelo Brasil, e momentos inspiradores e filosóficos sobre o setor. O evento, promovido pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), tem como tema “Conhecimento e Inspiração”.

Por Bruno Almeida, colaborador do DIÁRIO

A edição deste ano iniciou com a palestra “Live Your Time: Design, Tempo e Vida”, do designer Hans Donner, conhecido por seu trabalho com a Rede Globo. Na ocasião, o austríaco refletiu sobre como o design influencia a percepção do tempo. Considerado um dos nomes do Design associado à inovação, Donner apresentou uma abordagem de como viver experiências mais inspiradoras, resgatando sua experiência de 40 anos no design da emissora.

Hans Donner durante sua participação no evento do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) - Crédito: Paulo Atzingen
Hans Donner durante sua participação no evento do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) – Crédito: Paulo Atzingen

Na sequência, o presidente do Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Guilherme Dietze, trouxe um pano de fundo para a economia brasileira e destacou como o turismo é estratégico para o desenvolvimento do país.

Guilherme Dietze, economista da Fecomercio São Paulo, durante a palestra “Perspectivas da Economia Brasileira”. Crédito: Paulo Atzingen
Guilherme Dietze, economista da Fecomercio São Paulo, durante a palestra “Perspectivas da Economia Brasileira”. Crédito: Paulo Atzingen

Dietze descreveu cenários gerais historicamente enfrentados pela economia brasileira: inflação, gastos públicos altos, desaceleramento do crescimento. Se indicadores nem sempre costumam animar, ele lembra que a hotelaria é setor marcado, principalmente, pela “resiliência”. “A mensagem que eu quero deixar para vocês aqui é o turismo e hospedagem, é um processo de resiliência”, afirma.

“Diante de todos os desafios que são colocados, diante de todos os desafios que são impostos ou tentados ser colocados no dia a dia de vocês, vocês conseguem ter um resultado maravilhoso de crescimento, de recorde, de faturamento”, continua Dietze.

O palestrante seguinte, o professor da ESSEC Business School Paris e sócio da Noctua Advisory, Paulo Salvador, analisou a nova edição da pesquisa “Tendências dos Canais de Distribuição”. Realizado pelo FOHB em parceria com a Noctua Advisory, o trabalho destaca como uma gestão dos canais eficiente pode gera mais rentabilidade dos hotéis.

No estudo feito com mais de 900 hotéis de 27 redes associadas ao Fórum, Salvador observa que consumidores fazem 45% das reservas em canais diretos, como sites próprios, enquanto o restante passa por canais indiretos. Com isso, ele afirma que, como algumas redes podem chegar a ter 60% de suas reservas concentradas em Agências de Viagem Online (OTAs), isso pode gerar vulnerabilidade por conta de custos de comissão, por exemplo.

“Passar para o lado da distribuição direta representa uma economia da ordem de R$ 10 milhões em pagamento de comissão, portanto isso é geração de valor”, afirma, ao lembrar que, em 2024, os hotéis do FOHB foram responsáveis por R$ 14 bilhões em reservas — e deste total, R$ 338 milhões foram pagos em comissões.

Professor da ESSEC Business School Paris, Paulo Salvador analisa pesquisa 'Tendências dos Canais de Distribuição' - Foto: Bruno Almeida
Professor da ESSEC Business School Paris, Paulo Salvador analisa pesquisa ‘Tendências dos Canais de Distribuição’ – Foto: Bruno Almeida

Executivo, palestrante e professor de marketing, Salvador aconselha que o setor invista em “plataformas de topline”, combinando planejamento de gastos de vendas e marketing, utilização de recursos de inteligência artificial (IA) e impulsionamento de rentabilidade. “Em função do mix de canais, você consegue ver claramente a diferença e ter uma rentabilidade e maior governança. Ou seja, os investidores, deveriam acompanhar esses indicadores”, resume.

No painel seguinte, o economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), explicou como a tendência de servitização — estratégia que adiciona serviços aos produtos vendidos para agregar valor ao cliente — pode representar um “recado otimista”, mesmo que fique um “asterisco” pelo hábito de estado brasileiro em “abocanhar” riquezas do setor produtivo.

Para Bentes, a hotelaria, assim como serviços de transporte e de alimentação, “são atividades econômicas cada vez mais importantes na nossa economia“.

“O que me preocupa não é a conjuntura. O setor de turismo está nadando de braçada? Não, não está. Mas o setor tem conseguido crescer ano a ano. Hoje o nível de volume de receita do setor é quase 20% acima do que era antes da pandemia, mesmo com tudo que o setor passou”, diz.

Taxação de grandes fortunas ajudaria na reforma tributária?

Durante o FNH, Fábio Bentes destacou que a proposta de taxar grandes fortunas não resolveria os desafios fiscais do país. Segundo ele, “está dado que o Estado não está disposto a baixar a sua arrecadação. Então, se a gente isenta um grupo maior de pessoas do pagamento de imposto de renda, isso terá de ser compensado de alguma forma”.

Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), em palestra no VII Fórum Nacional da Hotelaria (FNH). - Foto: Paulo Atzingen / DT
Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), em palestra no VII Fórum Nacional da Hotelaria – Foto: Paulo Atzingen / DT

O economista lembrou que a quantidade de contribuintes é tão grande que, mesmo tributando o que se chama de grande fortuna — conceito difícil de definir no Brasil —, a arrecadação não seria suficiente. “Um sujeito que ganha R$ 20 mil por mês tem grande fortuna? De certo que tem R$ 200 mil, R$ 300 mil no banco, uma indenização, uma grande fortuna? É muito difícil fazer isso. Eu acredito que essa proposta vai na direção equivocada”, argumentou.

Para Bentes, o caminho mais adequado seria ampliar a base de contribuintes, inclusive com alíquotas simbólicas para quem tem renda menor, de forma a compartilhar o esforço fiscal. “Caso contrário, vamos acabar penalizando quem tem renda maior. E qual é o problema? Quem tem renda maior acaba remetendo fortunas para o exterior. Isso vai levar a uma nova revisão dos parâmetros da reforma da renda. A chave seria o Estado gastar menos, ser mais eficiente, para que todos paguem menos”, defendeu.

O debate também abordou o cenário político-econômico de 2026, quando o país viverá novas eleições. Para Guilherme Dietze, anos eleitorais costumam estimular o aumento de gastos públicos, o que pode aquecer o consumo, mas também pressionar preços. “Todo plano eleitoral traz um excesso de gasto público, evidentemente, com um processo de reeleição do governo que está no momento. Isso impacta o consumo por meio de crédito ou investimento de empresas, contratação e etc. Há um estímulo ao consumo nesse período”, explicou.

Dietze alerta, porém, que a atual transição de uma inflação alta para níveis mais baixos pode ser afetada. “Esses gastos podem pressionar a inflação, sobretudo de serviços, ao longo de 2026. É sempre um ponto de atenção para o setor”, concluiu.

Público lota auditório do Pullman São Paulo Vila Olímpia para o VII Fórum Nacional da Hotelaria - Foto: Bruno Almeida
Público lota auditório do Pullman São Paulo Vila Olímpia para o VII Fórum Nacional da Hotelaria – Foto: Bruno Almeida

VII Fórum Nacional de Hotelaria

O VIII FNH acontece no Pullman São Paulo Vila Olímpia. A sétima edição promove um encontro entre executivos, investidores, fornecedores e especialistas da hospitalidade.

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